Admirável mundo novo
O que é a Utopia digital que estamos criando, desbravando, e consumindo.
1/16: Estamos desbravando e criando um novo mundo, virtual. A Internet é a Utopia em dois sentidos: ela é lugar nenhum (u topos), e foi criada como uma sociedade ideal – sem fronteiras, permitindo livre expressão e tráfego da informação.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
2/16: Trinta anos depois da criação da World Wide Web, muitos acham que ela é a própria Internet. Não faz diferença que a Internet seja muito mais que ela: a Web é a face pública da Internet, é a matriz deste mundo novo.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
3/16: Neste não-lugar, a livre expressão deu lugar à mentira e ao discurso de ódio; antes, o ideal via a informação em livre tráfego, mas o que temos é o seu tráfico.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
4/16: É um verdadeiro experimento contrapondo as visões de Rousseau e de Hobbes. Mais uma vez, mostramos que temos naturezas complexas, não redutíveis a uma simples dicotomia “o homem nasce bom” / “o homem nasce mau”.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
5/16: Muito poucas regras vigoram neste mundo novo. Impera a lei do mais forte, a lei da selva – a espada é a lei.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
6/16: Há muitas tentativas de regular este mundo novo. Mas as regras que se tentam impor são as regras do Estado moderno, para benefício e lucro do Estado e não do público.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
7/16: Havia outros ideais e quimeras na criação da Web. A primeira a cair foi a de que o conteúdo da informação era mais importante do que a sua apresentação, e que o conteúdo era independente da sua forma.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
8/16: Os deuses da Propaganda logo exerceram todo o seu poder. Gradualmente, a Web tornou-se presa da forma fixa: vocês, pobres mortais, precisam receber a nossa mensagem de maneira uniforme, sem liberdade de escolha.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
9/16: A forma é soberana. Muito mais importante que o conteúdo. Especialmente quando é usada para vestir o conteúdo escasso – fraco – fútil – errado… mentiroso.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
10/16: Soma, o entorpecente do Admirável Mundo Novo, nos é oferecido diariamente. Em grande quantidade, no sabor que cada um prefere.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
11/16: Há pouco mais de duas décadas, eu trabalhei em um projeto de lei que previa entorpecentes virtuais; mas o que então se imaginava era o estímulo direto aos centros de prazer do cérebro.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
12/16: (Mas não se preocupe, há inúmeras pesquisas indo também nesta direção.)
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
13/16: Hoje, o estímulo ao prazer é indireto. Da mesma maneira que acontece com ratos de laboratório, respondemos aos estímulos com nosso comportamento compulsivo, repetitivo – e, acima de tudo, previsível.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
14/16: É disso que vivem Facebook, Amazon, Google, Samsung, Apple. Nós, ratos, somos o seu “modelo de negócios”.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
15/16: Os piores pesadelos da ficção científica estão se materializando, todos os dias. A “inteligência artificial” controla as máquinas que usamos para nos controlar, e colhe imensos benefícios para uns poucos – as elites digitais.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[CONTINUA]
16/16: O poder de um Zuckerberg ou de um Bezos não se mede em dólares, baionetas, ou megatons, e nem mesmo em megabytes. Ainda não sabemos quantificá-lo – mais um motivo para não sabermos como controlá-lo.
— The Rules Lawyer (@quartelmestre) October 27, 2021
[FIM]