Sobre refutações

Vivemos na Era da Comunicação. A tecnologia para se fazer ouvir por milhares de pessoas tornou-se facilmente acessível. Muitos falam. Alguns escutam. Poucos analisam.

Refutações são espinhosas. Frequentemente são mal interpretadas. Mas são necessárias.

Ninguém mais eloquente do que Carl Sagan, em seu livro O Cérebro de Broca (Broca’s Brain, 1974), para explicar por que são necessárias.

[A] vida política e religiosa […] foi marcada por uma credulidade pública excessiva, uma falta de vontade de perguntar o que é difícil, fato que resultou numa perturbação que se pode verificar na saúde da nação. O cepticismo do consumidor resulta em produtos de qualidade. Isto pode explicar porque os governos, as igrejas e as escolas não mostraram entusiasmo em excitar o pensamento crítico. Sabem que eles próprios são vulneráveis. […]

E, como resultado disto, temos que muito poucos cientistas mergulham verdadeiramente nas águas lodosas de comprovar e desafiar as crenças marginais e pseudocientíficas. A probabilidade de descobrir algo verdadeiramente interessante - exceto o que se relaciona com a natureza humana- parece pouca e o tempo exigido parece muito. Creio que os cientistas deviam passar mais tempo discutindo estes assuntos, mas o fato de uma dada afirmação não ter eco numa oposição científica vigorosa não implica, de modo algum, que os cientistas a achem razoável. […]

Alguns cientistas parecem não querer ter confrontos públicos sobre assuntos relacionados com a ciência marginal pelo esforço que lhes é exigido e pela possibilidade de ficarem a perder num debate público. Mas essa é uma excelente oportunidade para mostrar como a ciência funciona nos seus limites obscuros e também um modo de perceber algo do seu poder e dos seus prazeres. […]

Penso que devemos perseguir seguramente o extraordinário.

Mas afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias.

Não pretendo ser infalível, não pretendo sequer estar certo na maior parte das minhas manifestações. Mas considero o diálogo essencial à formação do conhecimento. O diálogo, o debate, a livre exposição, o embate de ideias.

Tenho grande dificuldade em atacar pessoas, mas grande facilidade para atacar ideias. Minhas refutações são, antes de tudo, um convite ao debate.

O Quartelmestre
O Quartelmestre
polímata
filomático
pesquisador
escritor

LUIZ CLÁUDIO, o Quartelmestre, the Rules Lawyer, conversa e escreve sobre jogadores e jogos de todos os tipos, sobre ludologia, narrativas, poesia, e mais.

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