2016-04-14
Corre por aí a falsa história que a maioria dos deputados que votaram, na comissão da Câmara, pela admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma, teriam pendências na Justiça. Outros já provaram que isto não é verdade, os interessados podem procurar os números reais.
Mas há outros números igualmente interessantes neste resultado. Votaram contra o relator 27 deputados, ou cerca de 42% dos membros da comissão. O número total de eleitores que levaram estes deputados a seus assentos na Câmara, em 2014, corresponde a 2.550.948.
Já 38 deputados, o que corresponde a pouco mais de 58% dos membros da comissão, votaram com o relator. O número total de eleitores que levaram estes deputados à Câmara, em 2014, foi de 5.153.813.
Estes parlamentares representam diretamente, assim, 7.704.761 eleitores. Deste total, 66% elegeram deputados que votaram pela admissibilidade do processo de impeachment.
Pretender que o voto dos que têm pendências na Justiça não tem valor é uma imbecilidade, se não for uma canalhice. Todos os candidatos eleitos em 2014 — como em qualquer outra eleição — têm exatamente a mesma legitimidade, todos foram eleitos pelo mesmo eleitorado, seguindo as mesmas regras. Isso vale para todos, da presidenta ao deputado estadual menos votado do país. Se uma pendência na Justiça não legitimasse a atuação de um parlamentar, também não legitimaria o exercício do mandato da presidenta — que ainda está sendo julgado pelo TSE.
Mas vamos admitir, por hipótese, que somente os votos dos deputados limpos fossem contados. Neste caso, teríamos ainda 18 votos pela admissibilidade e 11 contra. O total de eleitores dos votos pela admissibilidade é de 2.180.007, e dos votos contra é de 1.068.836. Os deputados limpos que votaram pela admissibilidade representam 67% de um total de 3.248.843 eleitores.